terça-feira, 18 de maio de 2010

Cordel do Fogo Encantado

Por: Crícia Alves

O Cordel do Fogo Encantado retrata muito bem as seguintes questões: ao falarmos de ética significa liberdade, ou seja, quando falamos de ética nos lembram de normas e responsabilidade. Para uma acomodação da consciência humana, foram surgindo formas que trazem aceitação e conformidade às gerações, tais como: “tudo o que acontece, tinha de acontecer”, “estava escrito”.

No entanto hoje em nossa sociedade notamos nítidas diferenças de costumes entre as classes da mais alta burguesia, a pequena burguesia e o proletariado. Será que não haveria uma ética absoluta? Sabemos que ética no sentido absoluto, não é apenas aquilo que se costuma fazer em uma sociedade boa é aquilo que é bom em si mesmo, deve ser feito ou evitado a todo custo e em todo o caso, independentemente das vantagens pessoais ou sociais que daí se extraia.

No mundo contemporâneo, fala-se muito de liberdade de expressão, mas a vida tem regras para serem seguidas, regras essas que são impostas pela mesma liberdade e uma vez infringidas, acabam sofrendo conseqüências irreversíveis. O desafio de relacionar ética e cultura e religião estabelece um rigor na reflexão que nos conduz à própria raiz da ética e aos pressupostos de uma cultura religiosa.

O DVD Cordel do Fogo Encantado coloca questões relevantes da diversidade cultura e religiosa, onde eles com a arte cultural misturando a musica com a poesia coloca problemas éticos e religiosos da nossa sociedade muito pertinente.

Com muita criatividade o filme expõem de maneira encantadora como a arte e a musica é capaz de reproduzir reflexão tão relevantes. Como por exemplo a ética como um processo de dar razões para a ação, e acreditamos que toda ação que é resultado de um processo de reflexão aberto, transparente, honesto e capaz de levar a uma abertura ao outro, reúne condições que propiciam o estabelecimento de uma cultura eticamente correta.

Percebemos que a ética proposta por cada verso, cada poema e cada musica propõem uma ética que se impõe pela existência do outro e dos outros. Onde a ação humana precisa ter sentido, não apenas para o indivíduo, grupo ou instituição que a realiza, mas também para os envolvidos ou atingidos por ela. A ação se torna ética não apenas quando ela se justifica pela subjetividade autônoma do indivíduo que a realiza, mas quando também é justificada pela Intersubjetividade dos envolvidos e pelo fim último da existência humana, construída a partir da visão de mundo de cada indivíduo.

Percebemos que no decorrer da apresentação a linguagem religiosa esta presente de uma forma artística nova e renovador, através da poesia, da dramaturgia e da musica.

Trazendo questões pertinentes como a necessidade de um cristianismo que defenda a liberdade de consciência, e que aja um diálogo entre o diferente. Não um cristianismo que se entende como a norma moral única e irredutível, à qual todos devem ser submetidos. Pois com este cristianismo uma ética global não consegue dialogar. Portanto quem afirma que sua religião é a única que atribui sentido à existência, está preso ao pequeno conceito de transcendência de sua própria cultura. Deste modo, o diálogo se torna difícil com aqueles que defendem que tudo o que é feito em nome da religião é necessariamente bom e justificável. Os fatos nos impõem a nós religiosos um duro reconhecimento: há falta de ética nas religiões.

Por isso o Filme Cordel de Fogo Encantado nos propõem: a transcendência do individualismo, da cultura, da religião e da própria classe social. Deste modo a reflexão Ética se torna promotora de uma cultura do dialogo, cujos frutos precisam ser: valorização da ciência, sem reducionismos; respeito aos indivíduos, sem defesa do individualismo; respeito à diversidade cultural, sem etnocentrismo; respeito à diversidade religiosa, sem fanatismo; abertura ao social, num contínuo processo de inclusão, com muita arte e poesia.

Quanto vale ou é por quilo?

Por: Ildeilson Santos

Pensar cultura, teologia e ética é sempre um ótimo exercício em busca de compreensão e continuidade da vida dentro do projeto do Reino de Deus. Projeto este que deve ser assumido por todos aqueles que acreditam na Graça de Jesus e no amor do Espírito Santo.

Tentarei abordar questões relevantes encontradas no filme dirigido por Sério Bianchi, Quanto Vale ou é por Quilo.

Sérgio Bianchi com seu filme, Quanto Vale ou é por Quilo? Retrata o desconforto e desencantamento do sistema em que o país está inserido. Abordando questões éticas que são deturpadas, estranguladas. Onde o cidadão é ridicularizado como também envergonhado, enganado e também usado como meio para sustentar o sistema capitalista e opressor que busca tão somente o consumo e o bem está das elites. Apresenta também uma visão nada positiva da solidariedade institucionalizada de algumas ONGs cujo objetivo maior, disfarçado de assistencialismo, é o assalto ao dinheiro público.

O filme também afirma que há reminiscências que nos são constitutivas, também abarca sua incorporação e complexificação nos dias atuais: a miséria ou a prisão como economicamente rentáveis e geradoras de emprego, a solidariedade como empresa ou até mesmo a denúncia como um negócio. No atual jogo "democrático" e de "participação" da sociedade civil em prol de demandas não atendidas pelo Estado, as ONGS - ou o terceiro setor, como se convencionou chamar - aparecem no filme funcionando como empresa, incorporando seu discurso típico e objetivando, enfim, o lucro. Responsabilidade social ou solidariedade são exaltadas e mobilizadas como marketing dessa nova indústria que gerencia a miséria e os miseráveis. Pobreza e miséria surgem no filme como um produto a ser vendido, expondo as mazelas da sociedade através da manipulação que envolve a criação da imagem de uma mercadoria que deverá atender aos anseios de possíveis doadores, além de servir como justificativa para aliviar a mente dos endinheirados.

O filme não se propõe a falar sobre a luta de classes, mas na opressão do ser humano entre classes e dentro de uma mesma classe, uns como forma de lucrar e outros como forma de sobreviver. O filme aborda também o período da escravidão, onde pequenos investidores lucravam com o comércio de escravos.

Diante de tal situação, percebemos que há um grande desafio para a Igreja de Jesus Cristo. A atuação frente a tais desafios precisa ser constante e progressiva, contundente, ética, na perspectiva de defende e proteger a vida, quebrar com as injustiças, romper com o preconceito, dá dignidade ao homem, apresentar a graça de Deus como meio de libertação, cura, responsabilidade entre as classe e solidariedade.

O TÚMULO SECRETO DE JESUS

Por: Jeftá Batista


O Túmulo Secreto de Jesus é um documentário americo-canadense de 2007, dirigido por James Cameron, feito em parceria com o jornalista investigativo Simcha Jacobovici. O documentário apresenta uma investigação sobre uma tumba em Jerusalém, do século I.

O foco inicial da investigação foi a tumba de Talpiot, que data de aproximadamente 2000 anos. Os investigadores concluem que esta tumba guardaria os restos mortais da família de Jesus Cristo, baseados principalmente nas inscrições nas mesmas. Pesquisas arqueológicas na parte antiga da cidade de Jerusalém encontraram setenta e uma tumbas com a inscrição “Yeshu” (Jesus em aramaico), de um total de novecentas analisadas.

Partindo das conclusões apresentadas no filme e discutidas pelos arqueólogos podemos pensar que se chegar a ser comprovado que este túmulo é realmente da família de Jesus, o Cristianismo teria a base de sua fé fragmentada, ou até poderia deixar de existir, pois, a ressurreição e a ascensão de Cristo ao céu não teriam passado de grandes farsas. Outro ponto apresentado pelo filme, que também geraria uma grande controvérsia na fé cristã, seria a questão de que Maria Madalena estando no túmulo familiar de Jesus, segundo estudos especializados em DNA antigo, só poderia ter sido a esposa de Jesus Cristo, pois o DNA encontrado nas duas caixas era diferente. Ainda é exposto pelo filme que a união entre Jesus Cristo e Maria Madalena gerou um filho chamado Judas.

Essa descoberta recente mexe muito com a fé, para muitos esse túmulo veio revelar algo de muita relevância, a humanidade de Jesus Cristo. Como um homem comum, Jesus teria se casado e constituído uma família. Esse fato para muitos fieis cristãos é uma blasfêmia, pois Jesus era um homem santo e não poderia ter relações sexuais, ou seja, não poderia ser casado, tão pouco ser pai.

Compreender Jesus Cristo como um ser humano igual aos demais, é complicado demais para a religião cristã, mas devemos pensar que o fato de Jesus poder ter constituído uma família dá mais valor ao projeto inicial de Deus, que é a família. O próprio Filho de Deus nos ensinaria a importância de viver em família. Mas, um argumento usado contra a possibilidade de Jesus ter constituído uma família é que as Escrituras Sagradas não relatam nada a favor, porém, também não dizem nada contra. Esse fato pode ter sido ocultado não pelos escritores dos Evangelhos, mas segundo propõe o documentário, pelo próprio Jesus Cristo para proteger sua esposa e filho de terem o mesmo destino que Ele.

O fato dos restos mortais de Jesus Cristo supostamente terem sido encontrados não deveria fragmentar a fé cristã. Particularmente penso que esse fato não deveria ser relevante para a fé cristã, mas sim a vida de Jesus Cristo e seu movimento, porém geralmente se pensa que o fato da ressurreição é a maior obra de Jesus. Quando Ele nos deu sua vida foi renunciando tudo para viver em pró do próximo, o que está bem exposto nos seus ensinamentos e é essa vida que devemos dá por Cristo, viver para o outro.

Na realidade, esse túmulo certamente não sobrepujará a fé tradicional cristã, até porque as caixas encontradas podem não ser da família de Jesus, pois, os nomes que aparecem nas tumbas eram comuns naquela época. Mas essa questão não pode em nenhum momento abalar o real movimento de Jesus, o movimento do amor ao próximo, ou seja, uma virtude.

QUASE DEUSES

Por: Gildeí Santana


Este filme relata o avanço da medicina em que se refere a tratamentos cardiológicos. Nele traz assuntos que diz respeito a três assuntos éticas.A saber: o racismo, conduta do Doutor em relação ao seu auxiliar Vivian, e a ética da igreja.

O racismo é percebido em todo filme, representado pela a forma em que eram tratados as pessoas negras. Eles não poderia usar os mesmos ambientes dos brancos e os brancos tinham mais privilegio. O que é bem perceptível na cena onde Vivian e seu pai ao andar pela calçada sempre abri espaço para a passagem de pessoas brancas a ponto deles mesmos saírem dos seus caminhos, existiam também banheiros para negros e brancos.

No diálogo do irmão de Vivian com seu pai, mostra uma postura ética adequada, quando o pai diz que as coisas vão melhorar, e seu filho responde que as coisas não melhoram sozinhas, nós é que precisamos melhorar. Para ele uma postura conformista não seria a melhor alternativa, mais posturas de luta, como por exemplo, posturas como a Martin Luther king, O mesmo aparece em alguns momentos no filme, mostrando que as coisas só podem serem mudadas a partir da ação das pessoas.

No relacionamento do medico e o seu auxiliar Vivian, percebemos a falta de ética da parte do medico, pois, mesmo sabendo que o grande cirurgião na verdade era seu auxiliar, que era uma pessoa simples que, não tinha feito medicina. Ele pega pra se toda honra, e o deixa no anonimato, pois não queria dividir a honra com alguém que nem medicina havia feito e alem disso era negro. Ele por ser um homem de influencia poderia ajudar a Vivian a realizar o seu sonho de ser medico, mais se manteve neutro.

A religião e a medicina, se confronta neste filme, mostrando que muitas fezes a religião, não entende o próprio Deus. A medicina buscava a cura o discurso religiosa apelava para a vontade de Deus, colocando os seus dogmas acima da vida. No dialogo da mãe com o Padre vai ser muito interessante quando ele diz que ela deveria aceitar os planos de Deus, e ela responde: será que os planos de Deus não poderia ser em ele usar o medico para curar sua filha. Essa discussão é muito relevante para o discurso entre religião e medicina.Diante de algumas propostas religiosas da atualidade, como por exemplo, a não doação de sangue. Esses colocam o seu dogma acima da vida. Este filme é relevante para essa leitura de que a vida deve sempre estar acima dos dogmas.

Os temas abordas no filme traz grande relevância para os dias atuais pois os mesmos problemas lamentavelmente são atuais na nossa sociedade, vivemos em uma sociedade preconceituosa e uma religião repletas de praticas incoerentes. Esse filme é de suma importância para a sociedade contemporânea rever os seus conceitos. E de igual forma busca uma ética que seja centralizada na vida em sua totalidade.

BABEL

Por: Jefferson Santos


Foi impressionante assistir ao filme com um olhar crítico sobre a ética apresentada. Foram apresentadas situações sérias que precisam ser analisadas com mais critérios.

Pude perceber que o autor do filme pretende nos colocar diante de situações graves, que precisam de posicionamentos radicais, que podem gerar atitudes diversas dependendo da ética que cada ser tiver como ponto de partida. Exemplo disso é a situação em que ele coloca os meninos que usaram o rifle para testar o seu alcance, e mataram uma mulher. Eram meninos criados para uma realidade que os chamavam para uma responsabilidade, devido às necessidades de sua família, mas, foram “responsáveis” por um conflito que gerou, em si, a degeneração da mesma.

Ao mesmo tempo em que analisamos a situação dos meninos, apresenta-se a situação da mulher que foi baleada por eles, nos influenciando a tirar nossas conclusões a partir da situação que nos foi apresentada do lado oposto. Acredito que não podemos falar de “lado da vítima”, porque isso irá depender muito do ponto de vista, ou da ética com que se analisa o caso.

Como julgar aquela situação que nos foi colocada? Como julgar aqueles meninos? Como saber quem foram ás vítimas?

Quando Foucault fala de uma ética que esta fundamentada no princípio que ele chama de “si sobre si mesmo”, afirmando que o sujeito é construtor de sua ética, penso que a realidade e o ponto de partida de cada ser vão gerar atitudes diferentes diante da postura de julgar essas situações. Cada ser que for posto diante dessa situação poderá perceber realidades diferentes existentes neste caso, e julgar segundo as suas convicções.


As perguntas que me cercaram ao assisti o filme foi: Que punição merecia aqueles meninos? Ao contrário a outra foi: Eles foram realmente os culpados? Merecem ser punidos, ou amados?

domingo, 16 de maio de 2010

Quanto vale ou é aquilo?

Por: Rogério Pinheiro

O filme me envolveu do começo ao fim fazendo-me ter uma visão critica muito mais aguçada da realidade das doações que são feitas em nome de um serviço social.

Fiquei surpreso como nos seres humanos somos capazes de enriquecer as custa daqueles que deveríamos servir daqueles que deveríamos ser solidário. A forma como as pessoas utilizam as mais variadas formas de enriquecerem independente de quem vai ter de sofrer para que a pessoa alcance seu objetivo. O filme mostra como os empresários consegue ser beneficiados com supostas ajudas dadas para comunidades carentes, mas quando surge um desentendimento no escritório de um dos grandes empresários e uma funcionária acaba sendo despedida começa um dilema, pois ela (a funcionária) procura uma dessas ONGs e denuncia seus antigos patrões.

A jovem decidiu procurar o empresário e pedir que ele devolva o dinheiro ou compre computares novos, isso o irrita e o faz tomar medidas que levarão o ser humano se colocar em uma posição de vergonha, pois o desprezo pela vida do seu próximo é uma falta de consciência da sua própria humanidade.

As denuncias feitas pela presidente da ONG coloca sua própria vida em risco, o filme mostra o desenrolar de varias famílias que são destruídas pela ambição, pela falta de trabalho e por viver dentro de um sistema social onde o mais fraco não tem voz nem vez. Um jovem recém casado perdeu o trabalho e humilhado pela sogra e sentindo-se oprimido pelos sonhos da jovem esposa, ele se lança em um meio de ganhar dinheiro que o leva a tirar a vida de ouros seres humanos. E quando ele retorna pra casa com o dinheiro ninguém está interessado como ele ganhou, mas o que importa não é o meio como ele ganha o dinheiro e sim que ele o tenha todos os dias.

A grande jogada que o filme trás é o paralelo com a realidade que vivemos hoje com as semelhanças que os negros viviam nos séculos passados. O filme é um grande alimento para desenvolver o senso critico para nossa vivencia a cada dia como ser no mundo, espero que todos gostem de assistir a esse maravilhoso filme.

ONZE HOMENS E UM DESTINO

Por: Cássio Santos

O filme é de uma riqueza incrível, a belíssima história de um jovem acusado de ter matado o próprio pai, tem o destino de sua vida nas mãos de onze homens preso em uma sala para dar o veredito.

Cada pessoa na sala com seus dilemas de vida e com uma opinião já pronta para condenar o jovem, mas durante uma votação uma pessoa mantém um voto contra a opinião da maioria o que é suficiente para desencadear uma séria discussão sobre o julgamento. Os personagens na sala demonstram de forma bem clara como cada um deles estão interessados apenas com seus próprios interesses.

Um único voto contra foi capaz de começar a mudar as opiniões dos demais presentes na sala, toda via, muitos se mostraram contra as opiniões que iam sendo transformadas a cada detalhe que ia surgindo em meios aos detalhes levantados no calor da discussão. O filme faz lembrar uma frase que me veio a memória; cada ponto de vista é a vista de um ponto, pois as evidencias que foram apresentadas no tribunal depois que foram colocadas em uma outra perspectiva começam a dar contornos bem diferentes no que diz respeito o destino do jovem.

Dentro de uma sala com onze homens o destino da vida do jovem toma contornos que nos envolve a cada instante, cada pessoa que está na sala levam seus problemas pessoais para decidir o destino de um ser humano.

Cada um leva um problema desde o mais banal como uma partida de futebol até um conflito entre pai e filho, e a cada instante o filme nos envolve e nos toma por completo. A cada opinião a favor da condenação a cada voto que se levanta a favor da liberdade daquele jovem vai se transformando em um dilema cada vez maior de como fazemos juízo das pessoas.

Uma coisa é o que é dito a respeito de alguém, outra coisa é quando nos envolvemos com o outro num sentimento de empatia, e o filme nos mostra como devemos parar duas vezes para pensar o destino da vida de alguém.

E o final do filme é o momento muito interessante que não me permite contar o final, assistam e não vão se arrepender.

Reflexão Ética – A Corrente do Bem

Por: Adriana Dourado

O que eu quero da vida? Quero ser feliz!

Mas o que é ser feliz? Eis a questão!

Para uns a felicidade está em buscar o prazer. Para outros, os prazeres provocam instabilidade, dor e sofrimento, por isso o ideal seria sufocar as paixões. Há quem pense que a perfeita felicidade, só se encontra na vida futura, realizando-se em Deus. Para outros, ainda, não é a felicidade que importa, o que vale é agir conforme o dever.

Essas questões, que certamente, qualquer pessoa já se colocou muitas vezes, também tem sido preocupação dos pensadores através dos tempos. Ora, uma das preocupações do homem ao se comportar moralmente é saber distinguir o bem do mal, ao se perguntar como deve agir em determinada situação, certamente se aproxima de outras situações mais teóricas e abstratas tais como: Em que consiste o bem? Qual o fundamento da ação moral? Qual a natureza do dever? Colocando tais questões, estará entrando no campo da ética, teoria que realiza a reflexão crítica sobre a experiência moral e que tem por fim discutir as noções e princípios que fundamentam a conduta moral.

O conteúdo do filme “A Corrente do Bem” tem a sua essência totalmente ética, trazendo especulações sobre comportamento humano no cotidiano de suas vidas. Partindo de uma proposta extremamente desafiadora o professor de Estudos Sociais incita seus alunos a encontrarem uma ideia que possa transformar o mundo. O pequeno Trevor, em meu entender, personagem principal do enredo, diante da realidade que o cerca, compreende que para haver transformação as pessoas precisam possuir um sentido de vida que proporcione a elas a tão sonhada felicidade. Em sua tarefa escolar, ele enxerga uma saída propondo mudança a partir do agir de acordo com o bem.

Podemos dizer a reflexão ética se inicia no mundo ocidental na Grécia antiga, no século V a.C., quando se acentua o desligamento da compreensão de mundo baseado nos relatos míticos. Os sofistas rejeitam o fundamento religioso da moral e consideram que os princípios morais resultam das convenções sociais. Por essa época destaca-se o esforço de Sócrates no sentido de contrapor à posição dos sofistas, buscando os fundamentos não nas convenções, mas na própria natureza humana.

Muitas foram as soluções dadas para a questão da natureza do bem moral. Resulta daí a convicção de que a virtude se identifica com a sabedoria e o vício com a ignorância: portanto, a virtude pode ser aprendida.

Para Aristóteles, todas as atividades humanas aspiram a algum bem, dentre os quais o maior é a felicidade: mas para ele a felicidade não consiste nos prazeres nem nas riquezas: considerando que o pensar é o que mais caracteriza o homem, conclui que a felicidade consiste na atividade da alma segundo a razão.

A partir da Idade Média a moral se torna leiga. Portanto, ser moral e ser religioso deixam de ser inseparáveis, tornando-se perfeitamente possível admitir que um homem ateu seja moral, e, mais ainda, que os fundamentos dos valores não se encontram em Deus, mas no próprio homem.

A questão é que nosso pequeno Trevor com a exposição de seu projeto parece ter entendido minuciosamente que para haver mudanças nas pessoas e no mundo exige esforço de cada um. Não podemos afirmar se sua ideia foi influenciada por Aristóteles ou pelo movimento do século XXVIII, todavia a intenção desse pequenino era buscar a felicidade não somente para ele, mas também para aqueles que enfrentavam algum tipo de sofrimento.

Podemos perceber que dentro do processo de agir de acordo com o bem deve está incluída a perseverança, a dedicação, e a esperança. Pois, certamente, assim como o foi para o Trevor, nem todos entenderam a intenção e motivação das nossas ações. Assim, muitas vezes não conseguiremos ver os resultados finais ou mesmo iniciais da nossa ação, porém, devemos primeiramente senti-los dentro de nós mesmos, a partir da consciência que fazer o bem evita o mal, e em evitando o mal seremos, assim como o pequenino trevor possibilitadores de mudanças radicais e transformações de pessoas que, com certeza, influenciarão o mundo.

A ideia extraordinária desse adolescente, tira-o da cadeira de aluno e o coloca na posição de um dos mestres da história para seu contexto, e ainda hoje, percebemos a necessidade urgente e emergente de sermos pessoas cheias de compaixão, pois somente assim, “fazendo o bem sem olhar a quem”, conseguiremos ser mais felizes e, automaticamente contribuir para a transformação do mundo.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Quanto Vale ou é por quilo?

Por: Messias S. Silva




Este filme já traz de início o retrato de uma página triste do Brasil, onde os escravos não tinham direito algum, e até os que eram alforriados, tinham os seus direitos usurpados. Neste período, os escravos eram tratados como animais, eram vistos apenas como ferramentas e fonte de lucros.

Em seguida somos conduzidos a momentos mais recentes da nossa história. Aqui, ao invés dos escravos, são os pobres e miseráveis que são tratados como coisas ou produtos através dos quais pode-se obter inúmeras vantagens. No lugar dos escravocratas estão os maus políticos e algumas pessoas e instituições que a estes se unem, também na busca de vantagens.

Neste filme podemos observar diversas abordagens como: injustiças, corrupção, exploração da miséria alheia, racismo, descaso com o dinheiro público, violência urbana e crime organizado, tudo com resultado da má construção e condução do país.

O filme trata da história do Brasil fazendo sempre um link entre o século XVII e XXI, e nos faz perceber que as mazelas sociais (problemas já mencionados) aconteceram e continuam acontecendo, porém com outra roupagem. Isto é enfatizado com a atuação de alguns atores nos dois momentos da história.

Considero este filme como um documentário que procura nos inquietar e levar-nos à um despertar da inércia que estamos vivendo no que se refere a nossa responsabilidade social, enquanto homens e mulheres, cuja missão é produzir e manter um país melhor, mais justo e igualitário. Um país onde todos e todas sejam de fato e de direito “iguais” perante a lei.

Recomendo-o à todos e todas que ainda se sentem cidadãos e cidadãs desta “pátria amada” chamada Brasil.



“O problema não são os bolsos vazios, mas as mentes vazias de dignidade.”

DOGMA E DISCIPLINA: O EFEITO COERCITIVO DA IGREJA COMO INSTRUMENTO DE REPRESSÃO DAS MASSAS SOB UMA PERSPECTIVA FOULCAUTIANA

 
Por: Dalmo Santiago
 

Pensar teologia, cultura e ética é sempre desafiador pela multiplicidade dialógica que a correlação temática apresenta. Refletir essa triple relação no que se refere a uma ética da Igreja equipare a uma ética do Estado atinge níveis de complexidade absurdos, mas possíveis de compreensão. A primeira coisa que deve-se fazer para analisar essa relação ética entre Igreja e Estado e, que elementos significativos a primeira pode corroborar para uma transformação do segundo em nível ético. É partindo da analise dessa relação indissociável que pretendo construir uma perspectiva mais dilatada da problemática caótica atual e em que grau de resolução desse mesmo caos a Igreja se situa a partir das reflexões do filosofo francês Michel Foucault e de uma abordagem analógica com a obra cinematográfica brasileira do diretor José Padilha, que muito contribui para a discussão a ser levantada. Por isso, não será discutido o filme em sua totalidade, mas a parte que cabe a chegada do Papa no Rio de Janeiro não esquecendo de que todo o filme se dá na melhor forma de “Vossa Santidade” se instalar próximo a favela.

Logo nas primeiras cenas o filme vai tecendo sua trama em torno da chegada do Papa João Paulo II ao Rio de Janeiro. Para isso a secretaria de segurança pública do Rio de Janeiro desenvolve uma série de ações de prevenção contra um possível atentado ou situações desagradáveis no que diz respeito a presença do sumo pontífice católico. Desde esse primeiro momento é possível identificar o grau de institucionalização e de poder que a Igreja possui frente o Estado. O Estado aqui funciona como aparelho de proteção da Igreja, uma segurança da instituição, que revela o entrelaçamento das redes poder existentes entre os âmbitos político e religioso.

O filme faz menção a Michel Foucault quando Matias entra no primeiro dia de aula na universidade. Apesar de não haver um explorar da temática foucaultiana é possível perceber o quanto o mesmo trata das relações de poder como engrenagem para que o tecido social funcione como dinamicamente. Pensar Foucault e poder relacionado a questão da Igreja é tocar em temática extensa repleta de significações e conteúdo já que a mesma funciona como máquina de poder que incluído no sistema funciona como órgão repressor e disciplinador juntamente com o Estado em suas jurisdições. Em Vigiar e Punir Foucault remonta a história processual da configuração dos sistemas de punição partindo da analise desses sistemas em alguns países da Europa, principalmente na França. Considera ele que a Igreja cristã teve significativa contribuição e participação nos modelos de punição medievais perdendo essa significância após a reforma desses modelos no que se refere a humanização da punição e o nascimento da prisão. Essa participação revelada por Foucault mostra o papel que a Igreja assume na conformação das massas produzindo o que denominou de enquadriculamento. Desse processo advém o controle dos indivíduos promovendo a ordem social. Dessa forma a Igreja funciona para o Estado e o Estado para a Igreja.

A problemática se aprofunda a partir dessa compreensão de “troca de favores” já que faz com que eticamente surjam questionamentos sobre o verdadeiro papel da Igreja na sociedade. Isso implica em uma indagação ainda maior e mais substancial: A função de Deus na sociedade é essencialmente de controle das massas? Como participante do poder dominante a Igreja perde àquele espírito humilde de auxilio aos menos favorecidos. É o que representação cinematográfica nos leva a pensar. A Igreja, através de seu maior representante chega ao Rio de Janeiro, o estado mais violento do Brasil, e para sua segurança traficantes, estudantes, crianças e policiais morrem num jogo abominável de violência e poder onde o Estado se mostra como o senhor absoluto sobre “bons” e “maus”. O papa não irá para refletir o problema da pobreza no Brasil ou propor melhorias na educação e na saúde brasileira. A intenção é apenas uma: relembrar a sociedade o vigor do poder religioso em âmbito estatal.

Alinhando-se ao poder vigente a Igreja sustenta e reproduz a ideologia do status quo como observou Marx: a ideologia dos dominantes. Assim se aparta cada vez mais do compromisso ético iniciado por aquele que dizem serem seguidores: Jesus de Nazaré. Sustentam a ética dos dominantes e fazendo isso automaticamente introjetam no corpo social o medo de ir contra a ordem estabelecida passando a adquirir caractere disciplinador e até mesmo jurídico. O bom cristão deve ser um bom cidadão.

O aparelho do Estado se beneficia da ação religiosa por ela produzir o que Nietzsche chamou “Espírito de Rebanho”. Foucault semelhantemente categoriza esse processo em seu enquadriculamento. A Igreja utilizando-se do conteúdo religioso manipula os indivíduos a se conformarem a espaços sociais definidos economicamente fazendo-os se conformarem com o papel social que foram forçados a assumir. Igreja, economia e Estado tornam-se a tríplice engrenagem motora principais para que o sistema e as conseqüentes formas de poder estabelecidas permaneçam como tal, sem mudanças significativas. Dessas formas básicas surge a microfísica do poder. A microfísica do poder sai das instituições para o tecido social a fim de produzir corpos dóceis, disciplinados e ordenados seguindo o mesmo modelo da produção em série da industrial.

A pergunta que surge é qual o verdadeiro papel da Igreja como instituição mantenedora de poder. Ela deve continuar simétrica aos anseios da sociedade neoliberal de exclusão, sendo indiferente a pobreza e ao sofrimento dos menos favorecidos, ou deve se colocar como contracultura combatendo o ideal do desenvolvimento econômico em detrimento do humano?

Partindo de uma perspectiva ética faz-se necessário que a Igreja retorne a seus idéias primários, àqueles que relevavam o comunitário sobre o particular, o grupo em lugar do individuo. Onde o poder era poder de construir, ainda que paulatinamente, uma realidade melhor para os indivíduos no sentido plural de pluralidade centrando na respeitabilidade e responsabilidade para com o outro a ação da Igreja. Com isso ela rompe as amarras burocráticas e parte para uma ação mais prática e renovadora. Mesmo dentro das complexas estruturas de poder ela funciona como poder que beneficia que faz refletir atuando como poder pedagógico instruindo as pessoas a se libertarem das sombras da Caverna atual, fazendo uma rememoração ao pensamento platônico. Uma tentativa que se mostra importante é a proposta trazida pelas CEBs, apesar de no cenário contemporâneo estarem passando por um processo de sufocamento. No entanto é importante lembrar que essas comunidades não nasceram do interesse da Igreja institucional em libertar aqueles que a muito estavam enclausurados nas fortes amarras do sistema, mas da igreja popular e dos intelectuais que constantemente produziam uma interpretação marxista dos textos bíblicos.

Tropa de Elite mostra a imagem de uma religião distante da realidade social prejudicada. Ele não aprece no filme a não ser pela televisão como religião da mídia, mas um foco que revela o poder da Igreja. Ela se mostra apenas presente como instituição, como ideologia, como representatividade de um código ético que deve ser lembrado, mas não praticado, pois concretizá-lo na práxis é assumir a negação que o praticante sofrerá e uma posição antagônica a corrente que segue o sistema atual, ou seja, seria abandonar o poder. Assim a Igreja aparece apenas como representação ideológica, seja pelo templo, párocos ou pelas predicas das obras que a instituição produz. Perigo que os atuais teólogos da libertação passam de suprateologizar tudo produzindo uma teoria prática que retorna a teoria, teorética para práxis teorética, ao ciclo vicioso e imprestável de uma quase “masturbação intelectual”.

A reflexão que faço sobre o filme faz-nos refletir sobre que realidade temos criado como Igreja e como podemos nos envolver a um verdadeiro projeto de salvação. Não entendendo esse caráter soteriológico como absurdidade sobrenatural, metafísica de metafísica, mas como quebra literal e prática da hipocrisia que a Igreja sustentou desde a subida ao poder com Constantino, da desmistificação de uma espiritualidade enojante, sem utilidade considerável para o bem humano, apenas para a fundamentação de uma alienação que permite o subjugar dos mais fracos pelos mais fortes. Passando a subir as favelas não como esse instrumento alienante, como ópio, mas como conscientizador, libertador, protetor dos desvalidos, dos excluídos, dos sem “poder”: ser verdadeiros pró-cristos e não anti-cristos.



quinta-feira, 6 de maio de 2010

A ÉTICA EM FAVOR DA VIDA

Reflexões sobre o filme Quase Deuses.
Por: Percival Alves

Falar de ética hoje, acredito que é algo muito importante e necessário. Pois no mundo que nós vivemos, parece que essa palavra não existe, e se existe, tem sido interpretada de maneira muito aquém do que ela realmente significa e propõe.

São muitos os problemas que surgem em torno da ética, ou melhor, que impedem um agir eticamente correto, e entre esses, eu destaco a centralização do Eu. Onde a ética perde o seu lugar, quando se trata de defender os desejos e objetivos do Eu.

Gostaria de construir um comentário sobre ética, a partir do viés da vida, não apenas da vida do Eu simplesmente, e sim da vida como um todo, ou seja, a ética em favor da vida.

No filme “Quase deuses”, percebemos a luta do Dr. Blalock e do seu assistente Viviem em favor da vida. Em uma cena desse filme, o Dr. Blalock conta uma ilustração para seu assistente Viviem, onde um pequeno menino em desejo de pegar o gatinho de sua mãe em cima de uma árvore, acaba caindo e fraturando algumas costelas, quando ele é levado ao pronto socorro, com simplesmente o procedimento médico e ético da época, o menino morreria, no entanto, se fosse usado um método que um médico acabara de descobrir, poderia salvar a vida daquele menino. O problema é que aquele novo procedimento ainda não tinha sido comprovado e aceito pela medicina, e isso seria incorreto eticamente, no entanto para o Dr. Blalock, em nome da vida daquele menino, deveria ser feito. Perguntamos então, até que ponto o procedimento ético deve ser observado? Ou melhor, a ética, diante desse fato é mais importante do que a vida? Pergunto ainda, a ética existe por causa da vida ou a vida por causa da ética? Diante de todas essas indagações, quero fazer mais uma, seria anti-ético, tentar algum procedimento para salvar uma vida? São indagações que precisam pelo menos serem refletidas.

Em uma outra cena, não menos importante do que essa que foi citada acima, ocorre um problema tão sério quanto o que foi acabado de ser abordado. Na década de 30 e 40 do século XX, a medicina ainda não estava tão avançada como hoje, e falar em cirurgia do coração naquela época era praticamente falar de um crime, no entanto havia um bebê que estava com uma doença chamada Tetralogia de fallot, conhecida como bebê azul, e essa criança precisava ser operada do coração, pois teria apenas, cerca de seis a um ano de vida. Eticamente falando, aquela criança, pelo procedimento médico da época, estaria condenada a morte, porém o Dr. Blalock junto com seu assistente Viviem encontrou um meio de operar e tentar salvar a vida daquele bebê. Porém, eles não encontraram apoio médico para esse procedimento. Um dos médicos disse que seria impossível realizar aquela cirurgia, pois seria um grande risco. Mas o Dr. Blalock respondeu para ele, onde você ver riscos, eu vejo oportunidades. Mas a resistência não foi apenas por parte da ética médica, mas também da ética da Igreja católica, onde os pais foram conversar com o padre e ele foi contra, alegando que essa era a vontade de Deus. A mãe da criança em um ato de expressão do amor maternal, replica dizendo, porque Deus não permitiria que o médico realizasse o milagre da cirurgia e curasse a minha filha, dando-me assim muitas alegrias? Indagação de uma mãe que ama.

Percebemos nesse episódio o entrelaçamento entre ética, teologia e cultura, onde esses elementos no que diz respeito a vivência da humanidade, estão ligados uns aos outros em diálogo, ou melhor, eles precisam dialogarem, pois estão ligados uns aos outros.

Casos como esses em pleno século XXI ainda existem, onde denominações religiosas não permitem que a medicina faça a transfusão de sangue em seus fieis, preferindo que eles morram em nome da religião.

Diante desses casos, não podemos deixar de indagar. Será que Deus, realmente em nome da religião não permitiria fazer algum procedimento médico para salvar a vida de um dos seus filhos? Será que a Igreja, ao proibir isso, estaria agindo eticamente? Será que a lei, quando autoriza esse procedimento em nome da vida, estaria agindo eticamente? Eu acredito que ética, teologia e cultura precisam dialogarem, pois ambas estão entrelaçadas. E esse diálogo precisa ter como prioridade a vida.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Transformando a realidade do próximo a partir de pequenos gestos.

Por: Júlio César A. da Cunha

A escola pode ser um local que inspire aos alunos fomentar transformações na forma de pensar e agir diante da realidade que transitam e socializam seus comportamentos e condutas. O filme A corrente do bem baseado na historia de um estudante de 12 anos que recebeu em sala de aula com os demais alunos uma atividade diferenciada do material programático curricular que tinha como objetivo pensar em um jeito de mudar o mundo e que isso repercute-se em praticidade.

O filme nos conduz a possibilidade de que a partir de pequenos gestos podemos modificar a realidade do outro, que coisas que parecem impossíveis de serem atingidas para nos, podem ser alcançadas diante da voluntariedade de nossa ação em transformar a realidade do próximo, ou seja, exercitar o bem sem buscar qualquer devolução ou retorno do próximo, exceto na responsabilidade em promover o bem na vida de outro que necessita de ajuda, solidariedade e amparo.

Partindo da ética de Kant que sinaliza que os homens não precisam de Deus para pratica do bem, que o mesmo pode agir por si só já que Deus o considerou capaz de tal atitude e considerando a premissa do filme em exercer o bem para o próximo sem esperar algo em troca, gostaria de expor sobre um fato importante no cenário brasileiro que merece nossa atenção e atitudes que gerem conseqüências transformadoras na vivencias de tais pessoas.

Esta realidade que merece nossa pratica do bem, este fato interessante que podemos nos reportar, dentre tanto outros similares e que ocorrem em nosso cotidiano, que causou um sentimento de comoção nacional, foi à violenta e brutal morte sofrida pela menina Isabela Nardoni. Podemos perceber que isso é apenas uma amostra da chaga, quase cultural, que se designa por violência, a qual repercute na vida das crianças brasileiras.

Dos maus tratos a tortura, da negligencia ao assassinato, cada vez mais meninos e meninas são vitimadas, e isso independe da situação social, étnica ou religiosa porque isso tem se fomentado e reproduzido na vivencia de varias crianças vitimadas por esse mal. Há varias formas de se praticar violência contra os pequeninos, mas as que repercutem na contemporaneidade é o abuso sexual ou mais conhecida como pedofilia. Ela esta em alta e não esta presa a um ambiente especifico. Ocorre nas ruas contra as crianças abandonadas, dentro de casa ou no crime organizado vinculado a interesses comerciais. Independente da forma que ela concretiza-se ou se configura as crianças submetidas a tal ato sofrem danos irreparáveis para o seu desenvolvimento físico, psíquico, social e moral. É preciso agir, e agir é trazer uma novidade para o mundo, para o mundo da experiência dessas pessoas tão duramente brutalizada.

Os meninos e meninas vitimadas por essa agressão tiveram sua infância furtada, olham para a vida sem perspectiva, um ideal a perseguir, vêem seus sonhos perdidos. É preciso exercer a solidariedade e cuidado com essas crianças como um dever social de todos, promovendo elementos de libertação para as mesmas.

Precisamos propiciar as nossas crianças espaços coletivos de lazer e educação, ambientes comunitários onde, sob os olhares de muitos, nossas crianças sejam percebidas como atores da revelação de Deus e não como objetos dos desejos desumanos e interesses comerciais. A igreja, principalmente deve emitir sua luta em favor de justiça e dignidade das mesmas tanto na coletividade que se representa quanto na individualidade que é em torno de cada ser. Vocação que não age não traz novidade e nem transformação o para mundo.

É preciso frisar que praticar o bem deve estar partindo do micro para o macro, daquilo que é próximo e realidade comum e vivencial a nós, as crianças de nosso bairro ou comunidade precisam ser protegidas e defendidas ate as ultimas conseqüências, pois a infância agredida ofende a vida e inviabiliza a possibilidade de acolhermos a revelação do reino de Deus por meio dos pequeninos, eles são o paradigma do reino que Jesus comenta para fazer parte de seu reino.

A atitude de acolhimento e reconhecimento da criança como seres que precisam de posturas de justiça, gestos de amor perpassa antes de tudo por um real compromisso com o Sagrado e uma atitude com eticidade na pratica do bem. Isto deve se configurar como um dever social de todos e todas.

Diante dessa analise levando em consideração o filme A corrente do bem e ética Kantiana fica o desafio de lutar contra todas as formas de injustiças contra as crianças criando em nossas comunidades espaços onde o bem sobressai sobre o mal. Pois quantas Isabelas Nardoni estão sendo vitima, neste exato momento, de atrocidades, talvez em nossas comunidades? E quantas que por sua vez nunca se quer serão mencionadas por fazerem parte da classe baixa, fadadas e condenadas ao esquecimento e a indiferença nossa e das sociedade de cada dia?

Dessa forma é necessário propagar o bem na praticidade da vida saindo da mera reflexão trazendo contornos na vida de cada dia validade social e dignidade ao humano.