domingo, 16 de maio de 2010

Reflexão Ética – A Corrente do Bem

Por: Adriana Dourado

O que eu quero da vida? Quero ser feliz!

Mas o que é ser feliz? Eis a questão!

Para uns a felicidade está em buscar o prazer. Para outros, os prazeres provocam instabilidade, dor e sofrimento, por isso o ideal seria sufocar as paixões. Há quem pense que a perfeita felicidade, só se encontra na vida futura, realizando-se em Deus. Para outros, ainda, não é a felicidade que importa, o que vale é agir conforme o dever.

Essas questões, que certamente, qualquer pessoa já se colocou muitas vezes, também tem sido preocupação dos pensadores através dos tempos. Ora, uma das preocupações do homem ao se comportar moralmente é saber distinguir o bem do mal, ao se perguntar como deve agir em determinada situação, certamente se aproxima de outras situações mais teóricas e abstratas tais como: Em que consiste o bem? Qual o fundamento da ação moral? Qual a natureza do dever? Colocando tais questões, estará entrando no campo da ética, teoria que realiza a reflexão crítica sobre a experiência moral e que tem por fim discutir as noções e princípios que fundamentam a conduta moral.

O conteúdo do filme “A Corrente do Bem” tem a sua essência totalmente ética, trazendo especulações sobre comportamento humano no cotidiano de suas vidas. Partindo de uma proposta extremamente desafiadora o professor de Estudos Sociais incita seus alunos a encontrarem uma ideia que possa transformar o mundo. O pequeno Trevor, em meu entender, personagem principal do enredo, diante da realidade que o cerca, compreende que para haver transformação as pessoas precisam possuir um sentido de vida que proporcione a elas a tão sonhada felicidade. Em sua tarefa escolar, ele enxerga uma saída propondo mudança a partir do agir de acordo com o bem.

Podemos dizer a reflexão ética se inicia no mundo ocidental na Grécia antiga, no século V a.C., quando se acentua o desligamento da compreensão de mundo baseado nos relatos míticos. Os sofistas rejeitam o fundamento religioso da moral e consideram que os princípios morais resultam das convenções sociais. Por essa época destaca-se o esforço de Sócrates no sentido de contrapor à posição dos sofistas, buscando os fundamentos não nas convenções, mas na própria natureza humana.

Muitas foram as soluções dadas para a questão da natureza do bem moral. Resulta daí a convicção de que a virtude se identifica com a sabedoria e o vício com a ignorância: portanto, a virtude pode ser aprendida.

Para Aristóteles, todas as atividades humanas aspiram a algum bem, dentre os quais o maior é a felicidade: mas para ele a felicidade não consiste nos prazeres nem nas riquezas: considerando que o pensar é o que mais caracteriza o homem, conclui que a felicidade consiste na atividade da alma segundo a razão.

A partir da Idade Média a moral se torna leiga. Portanto, ser moral e ser religioso deixam de ser inseparáveis, tornando-se perfeitamente possível admitir que um homem ateu seja moral, e, mais ainda, que os fundamentos dos valores não se encontram em Deus, mas no próprio homem.

A questão é que nosso pequeno Trevor com a exposição de seu projeto parece ter entendido minuciosamente que para haver mudanças nas pessoas e no mundo exige esforço de cada um. Não podemos afirmar se sua ideia foi influenciada por Aristóteles ou pelo movimento do século XXVIII, todavia a intenção desse pequenino era buscar a felicidade não somente para ele, mas também para aqueles que enfrentavam algum tipo de sofrimento.

Podemos perceber que dentro do processo de agir de acordo com o bem deve está incluída a perseverança, a dedicação, e a esperança. Pois, certamente, assim como o foi para o Trevor, nem todos entenderam a intenção e motivação das nossas ações. Assim, muitas vezes não conseguiremos ver os resultados finais ou mesmo iniciais da nossa ação, porém, devemos primeiramente senti-los dentro de nós mesmos, a partir da consciência que fazer o bem evita o mal, e em evitando o mal seremos, assim como o pequenino trevor possibilitadores de mudanças radicais e transformações de pessoas que, com certeza, influenciarão o mundo.

A ideia extraordinária desse adolescente, tira-o da cadeira de aluno e o coloca na posição de um dos mestres da história para seu contexto, e ainda hoje, percebemos a necessidade urgente e emergente de sermos pessoas cheias de compaixão, pois somente assim, “fazendo o bem sem olhar a quem”, conseguiremos ser mais felizes e, automaticamente contribuir para a transformação do mundo.

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