terça-feira, 4 de maio de 2010

Transformando a realidade do próximo a partir de pequenos gestos.

Por: Júlio César A. da Cunha

A escola pode ser um local que inspire aos alunos fomentar transformações na forma de pensar e agir diante da realidade que transitam e socializam seus comportamentos e condutas. O filme A corrente do bem baseado na historia de um estudante de 12 anos que recebeu em sala de aula com os demais alunos uma atividade diferenciada do material programático curricular que tinha como objetivo pensar em um jeito de mudar o mundo e que isso repercute-se em praticidade.

O filme nos conduz a possibilidade de que a partir de pequenos gestos podemos modificar a realidade do outro, que coisas que parecem impossíveis de serem atingidas para nos, podem ser alcançadas diante da voluntariedade de nossa ação em transformar a realidade do próximo, ou seja, exercitar o bem sem buscar qualquer devolução ou retorno do próximo, exceto na responsabilidade em promover o bem na vida de outro que necessita de ajuda, solidariedade e amparo.

Partindo da ética de Kant que sinaliza que os homens não precisam de Deus para pratica do bem, que o mesmo pode agir por si só já que Deus o considerou capaz de tal atitude e considerando a premissa do filme em exercer o bem para o próximo sem esperar algo em troca, gostaria de expor sobre um fato importante no cenário brasileiro que merece nossa atenção e atitudes que gerem conseqüências transformadoras na vivencias de tais pessoas.

Esta realidade que merece nossa pratica do bem, este fato interessante que podemos nos reportar, dentre tanto outros similares e que ocorrem em nosso cotidiano, que causou um sentimento de comoção nacional, foi à violenta e brutal morte sofrida pela menina Isabela Nardoni. Podemos perceber que isso é apenas uma amostra da chaga, quase cultural, que se designa por violência, a qual repercute na vida das crianças brasileiras.

Dos maus tratos a tortura, da negligencia ao assassinato, cada vez mais meninos e meninas são vitimadas, e isso independe da situação social, étnica ou religiosa porque isso tem se fomentado e reproduzido na vivencia de varias crianças vitimadas por esse mal. Há varias formas de se praticar violência contra os pequeninos, mas as que repercutem na contemporaneidade é o abuso sexual ou mais conhecida como pedofilia. Ela esta em alta e não esta presa a um ambiente especifico. Ocorre nas ruas contra as crianças abandonadas, dentro de casa ou no crime organizado vinculado a interesses comerciais. Independente da forma que ela concretiza-se ou se configura as crianças submetidas a tal ato sofrem danos irreparáveis para o seu desenvolvimento físico, psíquico, social e moral. É preciso agir, e agir é trazer uma novidade para o mundo, para o mundo da experiência dessas pessoas tão duramente brutalizada.

Os meninos e meninas vitimadas por essa agressão tiveram sua infância furtada, olham para a vida sem perspectiva, um ideal a perseguir, vêem seus sonhos perdidos. É preciso exercer a solidariedade e cuidado com essas crianças como um dever social de todos, promovendo elementos de libertação para as mesmas.

Precisamos propiciar as nossas crianças espaços coletivos de lazer e educação, ambientes comunitários onde, sob os olhares de muitos, nossas crianças sejam percebidas como atores da revelação de Deus e não como objetos dos desejos desumanos e interesses comerciais. A igreja, principalmente deve emitir sua luta em favor de justiça e dignidade das mesmas tanto na coletividade que se representa quanto na individualidade que é em torno de cada ser. Vocação que não age não traz novidade e nem transformação o para mundo.

É preciso frisar que praticar o bem deve estar partindo do micro para o macro, daquilo que é próximo e realidade comum e vivencial a nós, as crianças de nosso bairro ou comunidade precisam ser protegidas e defendidas ate as ultimas conseqüências, pois a infância agredida ofende a vida e inviabiliza a possibilidade de acolhermos a revelação do reino de Deus por meio dos pequeninos, eles são o paradigma do reino que Jesus comenta para fazer parte de seu reino.

A atitude de acolhimento e reconhecimento da criança como seres que precisam de posturas de justiça, gestos de amor perpassa antes de tudo por um real compromisso com o Sagrado e uma atitude com eticidade na pratica do bem. Isto deve se configurar como um dever social de todos e todas.

Diante dessa analise levando em consideração o filme A corrente do bem e ética Kantiana fica o desafio de lutar contra todas as formas de injustiças contra as crianças criando em nossas comunidades espaços onde o bem sobressai sobre o mal. Pois quantas Isabelas Nardoni estão sendo vitima, neste exato momento, de atrocidades, talvez em nossas comunidades? E quantas que por sua vez nunca se quer serão mencionadas por fazerem parte da classe baixa, fadadas e condenadas ao esquecimento e a indiferença nossa e das sociedade de cada dia?

Dessa forma é necessário propagar o bem na praticidade da vida saindo da mera reflexão trazendo contornos na vida de cada dia validade social e dignidade ao humano.

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